Alguma vez você foi perseguido por um anúncio na internet? Se sim, provavelmente foi porque procurou algum produto na rede. Assim toda vez que abre seu navegador, aqueles pop-ups pulam na tela. A sensação que temos é sermos espionados.
Pois cada vez que pesquisamos alguma coisa na internet, nossos dados são rastreados, captados e usados para traçar um perfil psicológico. Aparentemente, o objetivo dessa coleta de informações é alimentar o cruzamento de dados, vender publicidade e personalizar a experiência de navegação.
É uma verdadeira mina de ouro. Os dados de maior qualidade são aqueles que vêm das empresas com que temos interações profundas. Entre elas, Facebook (dona de Instagram e WhatsApp), Google (dona de Gmail, YouTube, Maps, Waze, Photos, Android), Microsoft (Skype), Amazon, Apple, Netflix e Twitter.
Por conta dessa avalanche de dados rastreada na Internet, desde 2012, o Gartner propôs um modelo econômico novo para medir o valor dessas informações, batizado de Infonomics. E juntando este fenômeno com a Internet das Coisas (IoT), cada vez mais conectada com objetos físicos, como geladeiras, aspiradores de pó ou até mesmo lâmpadas, o valor desses dados pode ser difícil de imaginar.
A valorização dos dados
Na era da Informação, o “combustível ou petróleo” passa a ser os dados. E a teoria do Infonomics converte essas informações em moeda. Ela define que a informação deve ser considerada uma nova classe de ativos (bens).
Isso porque tem valor econômico mensurável e outras propriedades que a tornam possível de ser contabilizada e administrada como qualquer outro tipo de ativo. E existem razões estratégicas, operacionais e financeiras significativas para torná-la realidade.
Veja alguns casos em que as informações geram valor nos negócios.
1. Facebook
As discussões sobre o uso de dados ganharam notoriedade principalmente depois do caso do Facebook que gerou repercussão mundial após a denúncia do jornal The Guardian. A questão foi que a empresa Cambridge Analytica teria coletado dados pessoais de 87 milhões de usuários da rede social nos Estados Unidos.
Com isso teria fomentado um sistema que permitiu predizer e influenciar as escolhas eleitorais em diversos países, dentre eles os Estados Unidos, na disputa presidencial que elegeu Donald Trump.
Na realidade, a Cambridge se aproveitou de uma “brecha” nas normas do Facebook. À época, a política da plataforma permitia que aplicativos externos coletassem dados das pessoas, mas eles deveriam ser usados apenas para melhorar a experiência do próprio usuário no aplicativo.
2. Netflix
Um dos maiores desafios da Netflix é oferecer personalização aos clientes. A plataforma utiliza algoritmos para que tudo funcione da forma mais eficaz. Ou seja, a empresa faz a leitura do conteúdo a que o cliente assiste, em que horário, se pausa no meio ou assiste integralmente.
Essa foi a maneira inovadora que a Netflix encontrou para garantir conteúdo personalizado. Trabalhando com os dados que formam os padrões de comportamento dos usuários ela define a sua estratégia de aquisição de conteúdos.
Assim, filmes, seriados e documentários, entre outros, só são lançados após análise e compatibilidade com o que o público pesquisa na plataforma. Esse é o maior valor da empresa.
Como a Internet das Coisas contribui para o Infonomics
Como o movimento da IoT está crescendo, são muitos os pontos que devem ganhar atenção. Um dos principais é a ampla abertura para o uso do conceito. Sim, porque não há limites de objetos físicos que podem ser conectados.
A IoT serve principalmente para facilitar o uso de determinados aparelhos e a realização de ações. Para reforçar esse objetivo, a maior parte dos dispositivos podem ser controlados a partir de um único smartphone ou tablet, desde que esteja, é claro, conectado à internet.
A tendência é de que os dispositivos com IoT podem chegar a 25 bilhões até 2021. No momento em que tudo está conectado e todos os dados e informações estão sendo rastreados, o tema ganha mais importância.
Na verdade, o objetivo é que o mundo físico e digital se tornem um só, por meio de dispositivos que se comunicam entre si. Porém, estas possibilidades apresentam riscos de segurança, uma vez que estaremos expondo carros, geladeiras e milhares de dispositivos a uma rede cuja segurança é difícil de controlar.
Sim, o risco da multiconexão é muito alto. À medida que a IoT amadurece e se torna amplamente adotada, surge uma enorme gama de questões sociais, legais e éticas.
A Internet das Coisas tem várias aplicações, como conectá-la à geladeira e ser avisado sempre que algo estiver faltando. Ao conectar um carro é possível ter dados sobre velocidade, consumo de combustível, quilometragem. Conectada a máquinas de uma fábrica, pode automatizar processos e obter estatísticas de produção.
Muito se fala sobre IoT, mas poucos se lembram que seu principal objetivo é a coleta de dados, que serão processados com o uso de algoritmos, produzindo informações que impactem a vida de pessoas e empresa. É justamente aí que ela se combina com a Infonomics, ao gerar mais informações de valor monetário.
Uma pesquisa do Gartner sobre projetos de IoT mostrou, entre 10 tendências, que 35% dos entrevistados estavam vendendo ou planejando vender os dados coletados. Até 2023, a compra e venda de dados de IoT serão parte essencial de muitos sistemas inteligentes e conectados.
Esses pontos incluem a propriedade dos dados e as deduções feitas a partir deles, incluindo tendência algorítmica, privacidade e conformidade com novas leis como o Regulamento Geral de Proteção de Dados (General Data Protection Regulation, GDPR – em inglês), que entrou em vigor em 2018 na União Europeia.
Com toda essa transformação digital acontecendo, mudando todo o panorama do uso dos dados e rastreando as necessidades dos clientes, no universo contábil não será diferente. Contar com tecnologias específicas que facilitem o trabalho colaborativo junto aos clientes será uma necessidade diária.
Imagine contar com a Internet das Coisas para capturar informações de maior valor sobre seus clientes e adaptar seus serviços e produtos ao perfil deles. Esse será o futuro da contabilidade.
Ficou interessado no tema? Acompanhe o artigo publicado sobre as principais tendências estratégicas para internet das coisas até 2030.